Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A UMBANDA E OS CULTOS AFRO-BRASILEIROS




PERGUNTA: - Quais os motivos de as personagens ditas orixás, e suas histórias de amor e quizilas, serem tão comuns e aceitas nos cultos afro-brasileiros?

RAMATÍS: - Os cultos afro-brasileiros são massificados, assim como a umbanda o é. Isso não quer dizer que sejam inferiores aos cultos eletivos, como o são as ordens iniciáticas: Maçonaria, Rosacruz, Teosofia, entre outras. Considerai ainda que o fato de os cultos afro brasileiros serem populares não significa que muito de seus terreiros não tenham ritos internos para uns poucos eleitos que são iniciados nos segredos velados à maioria profana.
Estudai as mentes dos indivíduos comuns: cidadãos aposentados, trabalhadores da indústria de construção, donas de casa, desempregados, marceneiros, pedreiros, artesãos, pequenos comerciantes, e verificareis que em geral são totalmente voltadas para o exterior. Trata-se de pessoas cujas atenções se voltam para ritos externos, com o desfile de imagens simbólicas que causam continuas impressões no campo de suas consciências simples e ainda incapazes de abstrações meditativas silenciosas na busca do "eu interior" do espírito eterno.
As tradições orais africanas foram mantidas pelas histórias de personagens ancestrais, maneira sábia de associar a reverência ao Divino numa cultura que não registrava seus conhecimentos e se mantinha com a imperiosa necessidade do segredo para perpetuar o poder sacerdotal das castas dominantes. Os enredos de quizilas e amores dos orixás, considerados personificações de um passado remoto povoado de deuses intempestivos [3] e ligados às várias famílias-de-santo espalhadas em muitos clãs tribais, estavam de acordo com as crenças da época, que levavam essas comunidades a ter como verdadeiro o dogma de que eles haviam encarnado sempre numa mesma parentela.
[3] Os enredos - histórias de amor, lutas, ciúme e inveja, vaidade e poder - atribuídos aos orixás não se diferenciam em natureza daqueles atribuídos aos deuses do Olimpo grego, herdados com novos nomes pelos romanos. No fundo, constituem representações didáticas para simbolizar o conteúdo de forças que atuam no psiquismo humano - mais fáceis de fixar, para o povo, que princípios abstratos.
Com a universalização, no Brasil, das crenças do panteão africanista, que foram popularizadas .com as tradições das diversas nações escravizadas, muitos prosélitos desses cultos massificados na atualidade começam a entender o verdadeiro sentido dos orixás e aceitam essas historietas romanescas de ódios, vinganças e amores irascíveis como maneira didática de associar os arquétipos de cada orixá, os tipos comportamentais humanizados, com os crentes que lhes são afins em vibrações, o que contribui saudavelmente para esclarecer dúvidas, bem como para melhorar cada indivíduo.

DO LIVRO: "A MISSÃO DA UMBANDA" RAMATÍS/NORBERTO PEIXOTO - EDITORA DO CONHECIMENTO.

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