Sabedoria Ramatis

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A dualidade do sincretismo na crendice popular: orixás santificados, exus demonizados – l






PERGUNTA: - O "movimento da umbanda, adaptando-se aos prosélitos em seus anseios espirituais, com desapego em relação a dogmas intocáveis e engessamentos doutrinários", não gerou muitas distorções até o presente momento, contribuindo negativamente para a sua difusão, o que contraria a intenção do Espaço de angariar o máximo de fiéis em menos tempo?

RAMATÍS: - Tendes memória curta, impregnada de personalidade temporária, o que é próprio de vossa natureza encarnada e momentaneamente esfacelada diante do espírito atemporal que vos anima. É de bom alvitre relembrar-vos alguns fatos históricos, a fim de clarear as idéias, qual pássaro que se banha no leito da água reanimadora após sentir-se extenuado por longo vôo.
Os cultos que se estabeleceram após a alforria dos escravos já se desviavam da velha magia africana, em decorrência da perseguição da Inquisição católica que atingiu até os confins das mais escuras senzalas. O catolicismo, a única religião que podia ser exercitada, fundiu-se com o Estado durante o regime imperial em vossa pátria colonial, intensificando a desagregação das crenças e a religiosidade provindas dos negros africanos. Enraizou-se esse desvio, com as novas gerações, pouco dispostas à oralidade dos antigos sacerdotes negros. Assim surgiram várias modalidades de culto no cinturão de miséria que se formou no entorno da capital do Império, após a "libertação" dos escravos.
As feitiçarias anglo-saxônicas e celtas trazidas da Europa por influência portuguesa misturaram-se ao fetichismo negro e às crenças mágicas indígenas, que, com o sincretismo, adquiriram ares de demoníacas, pois exu foi associado ao diabo católico, numa distorcida adoração ao demônio.
Multiplicou-se a atividade do feiticeiro remunerado, bem como o trabalho feito na encruzilhada urbana, em vez de haver dedicação à oferenda no sítio vibracional dos orixás, nas matas. Foram generalizados os despachos, por meio de sacrifícios animais, ofertas de vísceras, cachaça, farofa e o "indispensável" galo preto, com o objetivo de obter favores, prejudicar inimigos, separar casais, arrumar amantes; enfim, procurando o caminho mais fácil. Os feiticeiros satisfaziam os anseios e a pressa dos cultos homens brancos, ex-sinhôs que haviam sustentado os antigos escravos. Assim, alimentavam pelo pagamento, com o vil metal, os mais baixos objetivos vibratórios do plano astral inferior, em total desrespeito ao livre-arbítrio e por merecimento de todos os envolvidos, novelo terrível que até os dias atuais não foi desembaraçado. Muitos feiticeiros, novos sacerdotes do culto que se alastrou rompendo fronteiras regionais (a macumba carioca), enriqueceram em poucos anos.
Os mentores do Espaço, atentos a tudo, plasmaram no plano astral superior, com a autorização direta de Jesus, representante maior do Cristo Cósmico, a umbanda e suas linhas vibratórias. Formaram-se então as falanges espirituais de caboclos, pretos velhos e crianças, entidades estruturais que a sustentam. Apresentou-se uma quantidade de espíritos comprometidos evolutivamente com o combate à magia negativa, determinados a estabelecer em solo pátrio a Divina Luz, que já brilhara com intensidade nos antigos templos da luz da Atlântida.
Por determinação direta de Jesus, entidades missionárias, muitas delas de outros orbes, aceitaram a designação de conduzir o movimento da umbanda, concretizando-o na Terra, com a finalidade precípua, em seus primeiros 100 anos, de confrontar o magismo distorcido que se propagava assustadoramente, num levante das organizações do Astral inferior. A missão prioritária era atingir, nessa primeira fase, as classes humildes, exatamente as mais sujeitas à influência nefasta que se nutria num clima de superstições, sortilégios e fetichismos comuns à época, contribuindo positivamente para a sua proliferação.


(Origem: A Missão da Umbanda – Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)

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